Considerada uma herdeira legítima do legado musical de João Gilberto, Rosa Passos é hoje uma das mais importantes personagens da música popular brasileira, a ponto do crítico norte-americano Chip Stern chegar a dizer que sua arte sugeria toda a sensualidade e mistério da floresta tropical brasileira. Com mais de dez discos gravados desde meados dos anos 80 - quando retoma a carreira que havia deixado de lado para se dedicar aos filhos e à família – Rosa tece ao longo desse tempo uma espécie de síntese e depuração da música brasileira construída em torno das contribuições de Villa-Lobos, Dorival Caymmi, Antonio Carlos Jobim e João Gilberto. Esta qualidade não passou desapercebida para o saudoso crítico e pesquisador Almir Chediak, que a chama para participar dos songbooks (todos transformados em CDs) dedicados a João Donato, Djavan, Chico Buarque, Tom Jobim, Edu Lobo e Dorival Caymmi.
O mesmo Chediak estaria à frente, em 1998, da produção do CD Rosa Passos Canta Antônio Carlos Jobim, disco que poderia ser igualmente uma homenagem a João Gilberto, já que quase todas as canções escolhidas fazem parte do repertório do grande intérprete baiano. Sua carreira subseqüente seria uma reafirmação da coerência e qualidade de seu trabalho. Morada do Samba, do ano seguinte, mostrava uma Rosa Passos inteiramente senhora de sua arte. O disco era ousado, maduro, um grande passo adiante: quase todo constituído de composições próprias, que ao mesmo tempo avançavam e reafirmavam o estilo de seus mestres. Rosa Canta Caymmi, de 2000, Azul, de 2002, e Eu e Meu Coração, de 2003, Amorosa, de 2004 e Rosa, de 2006, eram outros avanços ainda maiores na mesma direção.
Esse percurso, faria de Rosa Passos uma das artistas mais admiradas e requisitadas no exterior. Em 2006 foi convidada a apresentar show solo no palco do Carnegie Hall de Nova Iorque, a mais célebre casa de concertos dos Estados Unidos. No show, Rosa apresentou canções do seu álbum Amorosa para uma platéia lotada e basicamente americana. Mas Rosa já havia consolidado sólida reputação muito antes nos EUA, Japão e Europa. Três anos antes, em 2003, Rosa Passos dividiria um disco com o renomado baixista norte-americano Ron Carter, integrante de uma dos principais quartetos de Miles Davis nos anos 60.
Em 2007, ainda como conseqüência do lançamento do CD Rosa, ela dá início a uma sucessão de apresentações que inclui uma bem sucedida temporada de duas semanas no teatro Fecap em São Paulo. Rosa dedica também o ano de 2007 ao público brasileiro e faz várias apresentações pelo país. É Convidada a participar de uma homenagem à inesquecível Elis Regina (uma de suas grandes inspirações) junto à Orquestra Jazz Sinfônica no Memorial da América Latina em São Paulo. Em novembro de 2007 Rosa, volta para o exterior. Apresenta-se no Blue Note de New York , outra prestigiada casa de jazz, uma série de seis shows que anteciparam sua participação como homenageada da Berklee College Of Music em Boston onde ministrou oficinas de música com presença do corpo docente e alunos da renomada escola.
Rosa Passos nasceu e cresceu cercada de música na cidade de Salvador , capital da Bahia e da cultura afro brasileira. Estimulada por seus pais , aos 5 anos já era uma pianista promissora. Aos 15 anos Rosa já aparecera na televisão em Salvador. Na adolescência seus pais lhe apresentaram uma coleção de discos de João Gilberto e Tom Jobim . Inspirada pelo filme ‘Orfeu Negro’ de 1959 e sua trilha sonora , Rosa trocou seu piano pelo violão, e desde então tem se dedicado à arte de compor e cantar.
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